sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Há 152 anos, surgia o presbiterianismo no país

Denominação com raízes na Reforma Protestante do século XVI, IPB preserva a teologia calvinista como essência doutrinária, mas enfrenta desafios para crescer.
12 de agosto é o Dia do Presbiterianismo 

A Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) completou, no último dia 12 de agosto, 152 anos da chegada do primeiro missionário ao país. Pioneira entre os evangélicos do Brasil e do Rio Grande do Norte, a história da igreja está ligada ao nome do missionário norte-americano Ashbel Green Simonton (1833-1867), natural de West Hanover, no sul da Pensilvânia.

Ordenado pastor em 1859, aos 26 anos de idade, pelo Seminário de Princeton, Simonton chegou ao Brasil no dia 12 de agosto do mesmo ano. Em janeiro de 1862, o jovem missionário organizou a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro. Depois, seguiu em viagem de férias para os Estados Unidos, onde se casou com Helen Murdoch. Em junho de 1863, o casal voltou ao Brasil. Um ano depois, Helen faleceu nove dias após o nascimento da sua filha, batizada com seu nome. Apenas quatro anos depois, em 1867, Simonton faleceu de “febre biliosa”, em São Paulo.

A morte precoce, porém, não impediu que a obra iniciada pelo missionário tivesse continuidade. O presbiterianismo, aos poucos, começou a se espalhar pelo país, levando os ensinamentos reformados a todas as regiões brasileiras. Em julho de 1885, a denominação chegou ao Rio Grande do Norte, com a organização da Igreja Presbiteriana de Mossoró, fruto do trabalho missionário do norte-americano Delacey Wardlaw, enviado pela Igreja Presbiteriana do Sul dos Estados Unidos.

A chegada a Natal foi precedida pela visita de missionários nos anos de 1887 e 1893, mas somente em janeiro de 1895 foi instalada a primeira Congregação Presbiteriana, pelo Reverendo Willian Calvin Porter, que havia sido enviado pelo Presbitério de Pernambuco. Era o primeiro passo para a organização eclesiástica dos protestantes em Natal.

Com as raízes fincadas na Reforma Protestante do século XVI, o presbiterianismo propaga a doutrina calvinista, assim chamada em alusão ao reformador francês João Calvino (1509-1564), autor das famosas Institutas e diversos, comentários bíblicos, sermões, tratados e outros escritos que formaram um sistema completo de teologia cristã.

O Reverendo Zwinglio de Andrade Costa, pastor da Igreja Presbiteriana de Cidade Satélite, em Natal, observou que, nesses 152 anos de existência, a teologia presbiteriana “sofreu modificações”, mas a “essência” doutrinária permanece preservada. “A Igreja Presbiteriana é guardiã dessa teologia calvinista que, pelo simples fato de perdurar no tempo, tem sua importância comprovada. A história é um atestado da sua importância”, comentou.

Para Zwinglio, a despeito do seu reconhecimento histórico, a igreja “perdeu relevância” na sociedade brasileira em função do crescimento acelerado de outras denominações, que passaram a exercer maior influência e a atrair a atenção de um elevado número de pessoas. “A igreja, hoje, não tem representatividade numérica, porque ela é muito menor se comparada às outras denominações. Essas igrejas que surgem atualmente, sem sabermos como vão terminar, são as protagonistas na sociedade”, ponderou.

O Reverendo defendeu que a IPB deve continuar “guardando sua herança teológica”, mas advertiu que, nesse contexto de dispersão que caracteriza o segmento evangélico brasileiro, a igreja corre o risco de perder sua identidade caso abandone seus valores para abraçar práticas “modernas”, com o único intuito de agradar os que procuraram viver uma fé com base em “experiências”.

“A igreja se vê, hoje, diante desse dilema: assumir a identidade da época, sem saber até quando esse modismo vai durar, e/ou se isolar. As duas alternativas, para mim, são erradas. O caminho passa pelo diálogo, mas preservando sua essência teológica”, defendeu.

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