Nada mais adequado para se falar em unidade no contexto evangélico brasileiro do que iniciativas como as que conduziram à criação da Aliança Cristã Evangélica Brasileira (ACEB), formalmente instituída em novembro de 2010.
Os diálogos tiveram início no ano anterior, quando um grupo de líderes evangélicos de diversas denominações constataram a necessidade de que, tal qual a Confederação Evangélica do Brasil e a Aliança Evangélica Brasileira no passado, uma organização voltasse a congregar os cristãos do país.
Os diálogos tiveram início no ano anterior, quando um grupo de líderes evangélicos de diversas denominações constataram a necessidade de que, tal qual a Confederação Evangélica do Brasil e a Aliança Evangélica Brasileira no passado, uma organização voltasse a congregar os cristãos do país.
A ACEB foi organizada tendo como referencial de identidade evangélica declarações de fé históricas, de organizações reconhecidamente evangélicas e também o Pacto de Lausanne - fundamento da teologia da Missão Integral da Igreja.
O pastor luterano Valdir Steuernagel foi idealizador da nova associação. Para ele, não se trata de refazer ou repor o trabalho dos antecessores, mas sim responder às necessidades da nova geração.
A mais recente das iniciativas de uma organização evangélica nacional foi a AEVB (Aliança Evangélica Brasileira), criada em 1991. Liderada pelo pastor presbiteriano Caio Fábio d’Araújo Filho e com profundo envolvimento em ações de responsabilidade social e campanhas de evangelismo, a AEVB não resistiu à saída de Caio Fábio em 1999, motivada pelo seu envolvimento em escândalos políticos e pessoais.
No início dos anos 90, Caio ganhou destaque ao conseguir conversões de presidiários e até do governador do Rio de Janeiro, Nilo Batista. Além disso, liderou uma série de campanhas e obras sociais, com destaque para a construção da Fábrica da Esperança - à época a maior obra social do país.
No papel assumido de dar uma resposta adequada ao tempo atual, sem repetir posturas e erros da AEVB, a ACEB afirma como visão “Manifestar a unidade da igreja por meio do testemunho visível de amor e serviço no evangelho de Jesus Cristo” e tem como missão “congregar seguidores do Senhor e Salvador Jesus Cristo como expressão da unidade da igreja”.
Nós mesmos
A tarefa de manifestar unidade no Corpo de Cristo evidentemente não é fácil. Um dos fundadores da ACEB, o pastor Fabrício Cunha foi categórico em afirmar que "quem representa todo mundo, não representa ninguém". Nesse sentido, um dos grandes riscos à Associação, no dizer da própria liderança da organização, “somos nós mesmos”.
É por isso que não é difícil imaginar que problemas e crises poderiam surgir no processo de crescimento e fortalecimento da ACEB.
Exemplo disso aconteceu em 11 de agosto, quando o bispo Walter McAlister, líder da Aliança das Igrejas Cristãs Nova Vida e, até então, membro do Conselho Geral da ACEB, anunciou a saída dele e da denominação da Associação. Segundo o bispo, a ACEB optou por se desviar de seus rumos originais e ser uma voz política, “em vez de unir-se em prol da essência do evangelho”.
Dois dias depois, o grupo coordenador da Aliança publicou nota em que defendia “que nenhuma das razões apresentadas como causa para tal afastamento foi decisão tomada e promulgada pela Aliança”. Afirmando respeitar, com tristeza, a decisão do bispo McAlister e da igreja Nova Vida, a Aliança reiterou que não podia “aceitar como procedentes as causas apresentadas”, assim como reafirmou não ser sua intenção “politizar a Aliança, que deve carregar a marca da neutralidade e do testemunho evangélico”.
O episódio revela toda a dificuldade que se manifesta em tentar reunir em uma organização movimentos religiosos evangélicos tão diversos. Mostra, assim, o risco que se corre de sucumbir a essas dificuldades, como no passado sucumbiram a Confederação Evangélica do Brasil e a AEVB. Mas mostra também a necessidade de apoio do povo de Deus à iniciativa - assim como a própria evidência de que uma organização assim, plural e diversa no meio evangélico, é necessária.
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